quarta-feira, 27 de março de 2013

Sobre: Saudade e a Cidade dos Ipês





Nativismo e São Sebastião do Paraíso
         O que eu mais tenho saudade? Do queijo ralado de lá. Tenho que fazer estoque aqui em casa porque eu só gosto desse queijo. Tem gosto de infância, de nostalgia, tem gosto de casa. O doce de leite também é infalível, não tem igual. O requeijão não vende perto daqui, e sabe depois que você experimenta alguma coisa muito boa não tem como aturar as ruins depois. Tenho saudade do açaí que é o melhor do mundo. Tenho saudade do milk shake do Bacana e do sorvete do Sposito...
       Tenho saudade da casa, e do quarto, onde vejo marcas do tempo nas paredes, marcas minhas, marcas do tempo que passou, do tempo que cresci, me vejo. Tenho saudade das ruas, cada uma com uma historia pra contar, com uma lembrança... ruas conhecidas e confortáveis, ruas em que  poderia andar por horas sem ter aonde ir e ainda assim me sentir bem. Tenho saudade da hora marcada de voltar pra casa, dos parentes que sempre via na rua, saudade do medo sobre o que iriam dizer, saudade de tudo.
      Saudade dos primos, das primas, dos tios, das tias, saudades da minha família. Saudade do meu pai, meu avô, minha irmã. Saudade dos amigos que eu sei que me acompanharão até o fim. Saudade de ser folgada na casa deles, de conversar com a família deles, de brigar e gritar com eles e depois abraçar desculpando. Saudade das coisas mais bestas, mais bobas, mais banais. Saudade é mesmo um negocio sem explicação, definição, a gente só sente. Simples. Ou não.
      Não acho que a tristeza que acompanha a saudade de vez em quando é simples. É o contrario, pois eu me sinto feliz, não me vejo mais lá, não me sentiria bem se vivesse lá. Se vivesse teria saudade daqui. Complexo? Imagina!
    "E se" três letras que juntas mudam muita coisa, muita opinião, muita mentalidade e ideia fixa. Suposição. E se tivesse ficado? E se tivesse voltado? E se fosse diferente? E se pudesse voltar no tempo? E se?
    Decidi escolher o "mas". E se eu tivesse voltado? Mas se tivesse não conheceria as pessoas daqui, não iria a lugares aqui, não viveria tudo que vivi aqui. Não cresceria como cresci. Certamente seria diferente, e quer saber eu gosto de quem eu sou.
     E o 'mas' e o 'e se' fazem parte de quem eu sou. Eu sou a duvida, as duas partes da coisa, sou a saudade acumulada que se não for posta pra fora machuca. Eu sou. Eu sou tudo que vivi lá. E principalmente tudo que vivo aqui. Eu sou mais que 'e se' e 'mas' vou além disso, todos vamos. O conflito de quem eu sou e quem poderia ter sido sempre vai existir, algumas coisas nunca mudam, nunca acabam, ficam sempre guardadas profundamente, porque são sim inesquecíveis. Como lembranças, como a nostalgia, como a saudade, e como (o melhor de tudo) o reencontro.



3 comentários:

  1. texto lindo...deu até vontade de voltar.
    Parabéns querida, vc escreve muito bem.

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  2. Parabéns adorei o texto.
    Sucesso sempre!!!!

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  3. Caramba Letycia, acabei de derramar lágrimas aqui, isso que escreveu é muito lindo e é exatamente o que eu sinto agora!!! Fez um lindo texto, um poema, senti tudo que narrou enquanto lia, só a saudade do pão de queijo que é maior que a do queijo ralado rsrsrs... Vc tem uma carreira brilhante pela frente, um conselho: Escreva, escreva e escreva... vc têm muito talento, parabéns...

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