Nativismo e São Sebastião do Paraíso
O
que eu mais tenho saudade? Do queijo ralado de lá. Tenho que fazer estoque aqui
em casa porque eu só gosto desse queijo. Tem gosto de infância, de nostalgia,
tem gosto de casa. O doce de leite também é infalível, não tem igual. O
requeijão não vende perto daqui, e sabe depois que você experimenta alguma
coisa muito boa não tem como aturar as ruins depois. Tenho saudade do açaí que
é o melhor do mundo. Tenho saudade do milk shake do Bacana e do sorvete do
Sposito...
Tenho
saudade da casa, e do quarto, onde vejo marcas do tempo nas paredes, marcas
minhas, marcas do tempo que passou, do tempo que cresci, me vejo. Tenho saudade
das ruas, cada uma com uma historia pra contar, com uma lembrança... ruas conhecidas
e confortáveis, ruas em que poderia
andar por horas sem ter aonde ir e ainda assim me sentir bem. Tenho saudade da
hora marcada de voltar pra casa, dos parentes que sempre via na rua, saudade do
medo sobre o que iriam dizer, saudade de tudo.
Saudade dos primos, das primas, dos tios, das
tias, saudades da minha família. Saudade do meu pai, meu avô, minha irmã.
Saudade dos amigos que eu sei que me acompanharão até o fim. Saudade de ser
folgada na casa deles, de conversar com a família deles, de brigar e gritar com
eles e depois abraçar desculpando. Saudade das coisas mais bestas, mais bobas,
mais banais. Saudade é mesmo um negocio sem explicação, definição, a gente só
sente. Simples. Ou não.
Não
acho que a tristeza que acompanha a saudade de vez em quando é simples. É o
contrario, pois eu me sinto feliz, não me vejo mais lá, não me sentiria bem se
vivesse lá. Se vivesse teria saudade daqui. Complexo? Imagina!
"E se" três letras que juntas mudam
muita coisa, muita opinião, muita mentalidade e ideia fixa. Suposição. E se
tivesse ficado? E se tivesse voltado? E se fosse diferente? E se pudesse voltar
no tempo? E se?
Decidi
escolher o "mas". E se eu tivesse voltado? Mas se tivesse não
conheceria as pessoas daqui, não iria a lugares aqui, não viveria tudo que vivi
aqui. Não cresceria como cresci. Certamente seria diferente, e quer saber eu
gosto de quem eu sou.
E o
'mas' e o 'e se' fazem parte de quem eu sou. Eu sou a duvida, as duas partes da
coisa, sou a saudade acumulada que se não for posta pra fora machuca. Eu sou.
Eu sou tudo que vivi lá. E principalmente tudo que vivo aqui. Eu sou mais que
'e se' e 'mas' vou além disso, todos vamos. O conflito de quem eu sou e quem
poderia ter sido sempre vai existir, algumas coisas nunca mudam, nunca acabam,
ficam sempre guardadas profundamente, porque são sim inesquecíveis. Como
lembranças, como a nostalgia, como a saudade, e como (o melhor de tudo) o
reencontro.
texto lindo...deu até vontade de voltar.
ResponderExcluirParabéns querida, vc escreve muito bem.
Parabéns adorei o texto.
ResponderExcluirSucesso sempre!!!!
Caramba Letycia, acabei de derramar lágrimas aqui, isso que escreveu é muito lindo e é exatamente o que eu sinto agora!!! Fez um lindo texto, um poema, senti tudo que narrou enquanto lia, só a saudade do pão de queijo que é maior que a do queijo ralado rsrsrs... Vc tem uma carreira brilhante pela frente, um conselho: Escreva, escreva e escreva... vc têm muito talento, parabéns...
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